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Indígenas discutem novo DVD e fazem balanço da participação na Rio+20
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21/08/2012

Lideranças culturais das reservas indígenas do Tekohá Ocoy, Añetete e Itamarã, instaladas na Bacia do Paraná 3 (BP3), reuniram-se, na última sexta-feira (17), no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), para discutir estratégias de divulgação do novo DVD sobre as tradições da etnia avá-guarani, que está em fase final de produção.

O encontro também serviu para que os grupos da região fizessem um balanço da participação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 –, em junho, e no 12º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, em julho, em Alto Paraíso, Goiás.

A reunião contou com a presença dos caciques das três reservas, coordenadores de grupos de corais, de artesanato, e também dos xamãs, líderes espirituais indígenas. O diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, e gestores do Projeto de Sustentabilidade das Comunidades Indígenas, desenvolvido dentro do Programa Cultivando Água Boa (CAB), também participaram.

A expectativa do grupo é que o novo DVD esteja pronto até o final do ano. O primeiro vídeo, “Tradição Guarani: Sustentabilidade das Comunidades Indígenas”, que teve apoio de Itaipu, foi lançado no final de 2009 e distribuído para universidades e centros de estudo de todo o País e também no exterior.

“O [novo] DVD vai mostrar desde a nossa cultura até os projetos de sustentabilidade desenvolvidos dentro das aldeias. Vai ter música, dança, agricultura, imagens de cada grupo, para que as pessoas conheçam o nosso dia a dia”, explicou Teodoro Tupã Alves, da aldeia Itamarã, um dos coordenadores do trabalho.

Segundo ele, a tiragem será de 1.500 exemplares, que serão divididos para quatro grupos da região. Ao contrário do primeiro DVD, que só podia ser distribuído, desta vez os índios vão poder comercializar o trabalho – inclusive para turistas que visitam o Destino Iguaçu.

“Quanto mais nós divulgarmos os valores indígenas, os conceitos, as etnias, e como tratam a natureza, mais os brancos vão aprender o maior ensinamento deles: que os índios pertencem à terra, não são os donos da terra”, comentou Nelton Friedrich. “E, ao pertencer, eles cuidam muito mais”, completou.

Balanço

O diretor de Meio Ambiente destacou que os índios hoje vivem outra realidade na região, superando antigos problemas de sobrevivência. Cada família tem seis filhos, em média, e as aldeias contam com escolas em guarani e português, unidades de saúde, centro de artesanato, centros de segurança alimentar, casas de reza, entre outros benefícios.

Essa nova realidade refletiu, por exemplo, na participação em eventos como a Rio+20, outro tema da reunião de sexta-feira. Na conferência da ONU, o maior grupo de guaranis, com cerca de 50 representantes, era justamente da região Oeste do Paraná.

“Tivemos apresentações de corais, encontro com outras culturas, e tudo foi muito bem divulgado. Por isso o balanço da nossa participação foi extremamente positivo”, comentou Teodoro Tupã Alves.

Integrante do Ocoy, Damião Maraca Lopes disse que das 13 pessoas da aldeia que foram ao Rio de Janeiro, em junho, nove eram jovens. “Muitas vezes o jovem fala que quer ser líder. Então o objetivo [de levar jovens para a conferência da ONU] foi mostrar para eles o sofrimento da liderança, para que eles sintam a dificuldade e saibam se realmente será o objetivo deles”, explicou.

Apesar das muitas horas de estrada, Lopes disse que a experiência agradou aos jovens. “Eles reclamaram da distância, do cansaço, mas pela troca de experiência, acharam muito bom. Eles conheceram outra realidade, outra cultura, outras culturas indígenas, de pessoas que vieram de outras partes do mundo, e o resultado foi muito positivo”, comentou.

Encontro ampliado

Durante o dia, os representantes indígenas também aproveitaram para conhecer o Refúgio Biológico Bela Vista e antecederam a reunião da tarde com uma cerimônia espiritual, comandada pelos xamãs. A gerente da Divisão de Ação Ambiental, Marlene Curtis, disse que a ideia é promover no próximo ano um encontro ampliado, com outros grupos indígenas, para a troca de experiências.