Do artesanato à construção civil, dos alimentos à fabricação de bicicletas, o bambu pode ser matéria-prima de um sem-número de produtos. No Brasil, não faltam plantas – o País tem 114 espécies de bambu, a maior diversidade desta planta na América Latina; o que falta é conhecimento técnico. Por isso, foi firmado, na manhã desta quinta-feira, um memorando de entendimento entre Itaipu, o governo chinês e a Associação Paraná Bambu.      

Itaipu, a Associação Paraná Bambu e o governo chinês assinam carta de intenções referente à cadeia produção do bambu

O objetivo é estabelecer uma cooperação técnica, científica e ambiental para desenvolver a cadeia produtiva do bambu no país, começando pelo Oeste do Paraná. A carta de intenções foi assinada pelo superintendente de Gestão Ambiental, Jair Kotz;o vice-diretor do Departamento de Silvicultura da Província de Zheijiang, Xing Zuirong; o diretor do Centro Nacional de Pesquisas do Bambu, Ding Xingcui; e a diretora da Paraná Bambu, Rebeca Kuperstein.

       
Segundo Jair Kotz, o interesse da empresa no projeto é viabilizar para os produtores rurais da região o acesso às técnicas de manejo e beneficiamento do bambu. “A sustentabilidade das atividades agropecuárias é um dos grandes objetivos do Programa Cultivando Água Boa. Nesse sentido, o bambu é mais uma alternativa de renda, que pode vir a ser trabalhada juntamente com a recuperação de matas ciliares e manutenção da reserva legal”, afirmou.
              
De acordo com a consultora e especialista em Direito Ambiental Daniela Roberta Slongo, da Associação Paraná Bambu, é possível conciliar o cultivo de bambu com a Área de Proteção Permanente, desde que haja um plano de manejo adequado. “Nossa ideia é não só a transferência de conhecimentos sobre o manejo, mas auxiliar os produtores a trabalharem de forma cooperativa para a transformação do produto”, disse.
  
Mundo de bambu

A construção de casas é apenas uma das aplicações do bambu

O bambu é uma gramínea (não uma árvore, como pode parecer) cuja aplicação é muito variada. Pode ser usado como alimento ou aplicado na construção civil, na fabricação de papel, brinquedos, capacetes e bicicletas; na produção de carvão de alta qualidade, além de outros usos industriais e artesanais. Seu cultivo é de baixo custo, mas é rico na geração de benefícios ambientais, sociais e econômicos.

     
O Brasil tem uma grande quantidade de espécies desta planta, localizadas principalmente na Floresta Atlântica, mas há pouco conhecimento sobre seu uso. Para muitas das aplicações mais nobres, o país chega a importar matéria-prima. No Oeste do Paraná, por exemplo, a espécie nativa “Bambu das Américas” figura entre as de melhor qualidade para exploração comercial – tem 40 cm de diâmetro e parede com 4,5cm de espessura.