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PNI ganha exposição e livro em noite de festa
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12/01/2009

O Parque Nacional do Iguaçu, que no sábado (10) completou 70 anos de existência, passou a oferecer no fim de semana mais uma atração aos cerca de 6 mil turistas que o visitam diariamente durante a alta temporada. 

 

Para celebrar o aniversário da segunda unidade de conservação mais antiga do País, foi aberta uma exposição fotográfica permanente que resgata a memória da região a partir de imagens cedidas por gente que viveu, trabalhou, pesquisou, explorou e visitou as Cataratas do Iguaçu antes mesmo da criação do parque, em 1939.

 

A mostra “Memória das Cataratas” reúne aproximadamente 500 fotografias que remontam o passado do Parque Nacional do Iguaçu desde os anos 1920. Os painéis, colocados no Espaço Porto Canoas, trazem apenas uma parte das contribuições recebidas pelos organizadores, que contabilizaram a cessão de mais de 4 mil imagens ao longo de um ano de trabalho de coleta.

 

O restante das fotos pode ser conferido em um totem colocado junto à exposição. Os registros históricos também compõem o livro “Meu vizinho, o Parque Nacional do Iguaçu”, dos jornalistas Marcos Sá Corrêa e Lorenzo Aldé, lançado no sábado.

 

Dia de dar parabéns ao PNI

 

O 70º aniversário do Parque Nacional do Iguaçu foi marcado por uma programação especial que começou cedo no sábado e terminou somente na madrugada de domingo (11), em uma memorável noite de lua cheia.

 

Pela manhã, o tradicional bolo de aniversário foi cortado e servido aos visitantes. E os Correios lançaram um carimbo comemorativo que será estampado em todas as correspondências que partirem de Foz do Iguaçu ao longo do próximo mês. Autoridades também participaram do lançamento do livro “Meu vizinho, o Parque Nacional do Iguaçu”, com a presença dos autores. 

 

À noite, o PNI foi homenageado em um ato com a presença do diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Samek, que destacou o sucesso da unidade de conservação na tarefa de preservar o delicado ecossistema e promover o desenvolvimento sustentável de Foz do Iguaçu e região.

 

Segundo o DGB, a reserva foi responsável pelo primeiro grande ciclo de desenvolvimento da cidade. “Hoje, vemos o quanto a criação deste parque pelo presidente Getúlio Vargas foi estratégica”, destacou Samek, que também enalteceu a contribuição dos parceiros do PNI.

 

“Tivemos aqui uma das primeiras experiências de parcerias público-privadas do país, e podemos dizer que o resultado a transforma em referência nacional”, avaliou.

 

Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello ressaltou que o órgão responde por 300 parques nacionais cujas áreas totalizam 8,2% do território nacional. Nenhuma delas, porém, segundo ele, é tão bem gerida quanto o Iguaçu, onde os parceiros da iniciativa privada e a população vizinha exercem papel de destaque na conservação.

 

“A idéia da preservação do meio ambiente costuma ser relacionada a impedimentos. Não é o que acontece aqui. Nosso sonho é que todos os vizinhos de parques nacionais brasileiros tenham a visão que Foz do Iguaçu tem deste parque”, observou o presidente do ICMBio.

 

O chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro destacou que os investimentos previstos pelos concessionários na unidade de conservação somam R$ 100 milhões, o que comprova a viabilidade da exploração turística em parques nacionais. “Os parceiros sentem-se seguros em investir e, assim, todos saem ganhando, tanto o meio ambiente quanto os visitantes”, apontou.

 

Guilherme Arantes declara amor às Cataratas

 

O evento foi encerrado com a projeção de um documentário sobre o PNI e shows de Guilherme Arantes e do grupo Barbatuques. Autor da canção Planeta Água, Arantes se disse agradecido por ter tido a oportunidade de se apresentar no aniversário do parque.

 

“Sou um visitante assíduo das Cataratas. Ainda no ano passado fiquei 15 dias em férias aqui com a minha filha. Amo este lugar”, disse Arantes, que continuou ligado à temática ambiental com a criação da ONG Planeta Água. A entidade promove ações de educação ambiental e plantio de árvores em manguezais do litoral Norte da Bahia.

 

O Tarzan das Cataratas

 

A abertura da exposição “Memórias das Cataratas”  teve a presença de protagonistas das histórias mostradas nas imagens como o austríaco Franz Kohlenberger, um amante do alpinismo que chegou ao Brasil em 1958 e escolheu Foz do Iguaçu para viver. Conhecido como o “Tarzan das Cataratas”, Franz foi o percussor do chamado turismo de aventura.

 

Inicialmente como barman e na seqüência como gerente do Hotel das Cataratas, ele viveu 20 anos no interior do Parque Nacional do Iguaçu, época em que foram feitas algumas das fotografias mais impressionantes da mostra.

 

“Enquanto minhas amigas brincavam de boneca, nossas brincadeiras eram procurar lagartos e ir de barco a remo na Garganta do Diabo”, relembra Analice Kohlenberger Oro, filha de Franz nascida durante a permanência da família no PNI.

 

Entre as imagens cedidas pelos Kohlenberger, destacam-se as de Franz escalando paredões e desafiando a Garganta do Diabo. Numa delas, Franz aparece sentado em um tronco que, durante uma enchente, ficou preso na borda do abismo logo na maior de todas as quedas das Cataratas.

 

“Você precisa saber o que faz. É importante sempre respeitar o perigo”, diz Franz, negando que o medo lhe passasse pela cabeça. E por levar turistas para fazer passeios radicais no parque sempre em segurança, por muito tempo coube a ele ciceronear visitantes ilustres como um rei da Bélgica e a família Rockfeller. 

 

A família Kohlenberger, que hoje administra um rancho, aproveitou a exposição para matar a saudade dos anos de relação intensa com a natureza. “Sinto falta do silêncio da mata, do barulho das Cataratas que fazia trepidar as janelas de casa”, conta Analice, lembrando também do dia em que uma ariranha subiu no barco em que ela, as três irmãs e Franz passeavam pelo Iguaçu.

 

“Não sabíamos que bicho era aquele. Entramos em desespero e meu pai teve de nos acalmar. Só fomos descobrir o nome daquele ‘monstro’ tempos depois, na escola”, recorda.

 

Banho de rio no Iguaçu

 

Hoje expressamente proibido, o banho de rio próximo às Cataratas era um hábito dos moradores de Foz do Iguaçu revelado em uma série de fotografias da exposição “Memórias das Cataratas”. A iguaçuense Deborah Morgenstern Oliva, que contribuiu com 240 imagens do acervo da família, conta que sua mãe a levava para brincar nas águas do Iguaçu quase todos os domingos.

 

“Fazíamos piqueniques e brincávamos nos remansos do Iguaçu bem pertinho das Cataratas sempre que podíamos, porque o Rio Paraná era perigoso demais pra tomar banho”, recorda Deborah, filha de uma das mais inveteradas fotógrafas das Cataratas.

 

A mãe dela, Aglael, que chegou a Foz em 1951, carregava sempre consigo a máquina fotográfica e organizava os registros em álbuns de família cujo conteúdo agora está parcialmente exposto a todos os visitantes da unidade de conservação.