Institucional
Zilda Arns, mãe de milhões de crianças
09/05/2008
Mais que registrar uma viagem, o repórter fotográfico Jader da Rocha testemunhou o trabalho incansável de uma mulher que conseguiu reduzir a mortalidade infantil e de gestantes em todas as localidades onde a Pastoral da Criança atua. Hoje, a pastoral criada pela médica Zilda Arns há 25 anos, atende no Brasil 2 milhões de gestantes e crianças com menos de 6 anos e seus métodos são adotados em vários países da América Latina e da África.
Para elas, repetidas vezes pediu aplausos, em especial às de Foz do Iguaçu, onde a diocese é a primeira do Brasil a atender todas as 19.600 crianças com menos de 6 anos e também as gestantes. A solenidade de inauguração teve a presença não só de líderes pastorais, mas também de diretores de Itaipu – Jorge Samek, Antonio Otélo Cardoso e Nelton Friedrich -, da presidente do Provopar estadual, Lúcia Arruda Requião, da vice-presidente do Provopar, Maria Olívia (esposa de Samek), e de representantes da Prefeitura de Foz.
Jader da Rocha, o primeiro a falar, explicou que, na viagem com Zilda Arns aos estados do Norte do Brasil, procurou “não se fantasiar de fotógrafo”, isto é, passar despercebido para conseguir fotos espontâneas. Em vez de máquina digital, utilizou filme, também para obter efeitos mais naturais.
Zilda Arns, logo depois de saudar o DGB, Jorge Samek, “meu amigo há 15, 16 anos”, falou por mais de meia hora. Entre as curiosidades da viagem, contou que em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, 97% dos moradores são índios, que, em sua chegada, fizeram muita festa. A comunidade se orgulhava de ter obtido o primeiro lugar no Brasil em aumento do peso das suas crianças, graças ao trabalho da Pastoral.
Em Macapá, Amapá, contou a médica, as crianças têm peso razoável porque existe muita fruta à disposição. Ali, o problema é com os adultos e seu triste hábito: a cachaça. É proibido vender aguardente aos índios, mas a lei é facilmente burlada. E é por isso, também, que surge outro grave problema paralelo: a prostituição de crianças e de jovens.
Zilda Arns contou também como surgiu a Pastoral da Criança, em 1983. O Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância – pediu a Dom Paulo Evaristo Arns, então cardeal de São Paulo, que a Igreja brasileira ajudasse de alguma forma a reduzir a mortalidade infantil no país. Dom Paulo, irmão de Zilda Arns, pediu a ela que estudasse como atender ao pedido. Aos 48 anos, já viúva, Zilda, a médica pediatra dedicou-se de corpo e alma ao trabalho de formar uma rede de agentes comunitários capaz de difundir conhecimentos para melhorar a saúde de gestantes e crianças até 6 anos.
Na base de tudo, o soro caseiro, capaz de salvar as milhares de crianças que morriam com desidratação e fome por causa de diarréia. Aos primeiros sintomas de diarréia, as mães eliminavam a alimentação, o que agravava o problema. O soro caseiro, mistura de água, sal e açúcar, garante a hidratação necessária para que a criança se recupere, ao mesmo tempo que ela recebe alimentos normalmente.
Outro segredo do sucesso da pastoral refere-se ao controle dos dados. As informações são armazenadas, para permitir melhor acompanhamento de cada criança e do trabalho da comunidade em geral. A pastoral tem hoje mais de 270 mil voluntários e seu trabalho foi decisivo para reduzir os índices de mortalidade infantil no Brasil.
Desde 2004, Zilda Arns tem nova missão: coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa, que hoje atende 22 mil idosos. Para esse trabalho, ela pediu a ajuda de Itaipu.
O diretor-geral brasileiro, no discurso final antes da abertura da inauguração da mostra, disse simplesmente que o trabalho de Zilda Arns a credencia a pedir qualquer coisa: “Com a senhora, nós fazemos todas as parcerias”, afirmou, entre aplausos.
A mostra no Ecomuseu pode ser visitada até 8 de junho. Mais informações nos telefones (45) 3520-5833 e 3520-5815 ou pelo e-mail ecomuseu@itaipu.gov.br.
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